O conselho da Telefónica SA nomeou Marc Murtra como presidente executivo como parte de uma mudança liderada pelos principais investidores da operadora. Murtra, que é presidente do grupo de defesa apoiado pelo Estado Indra Sistemas SA, substituirá Jose Maria Alvarez-Pallete, presidente desde 2016, de acordo com um comunicado da Telefónica divulgado neste sábado.
Os dois principais acionistas da Telefónica são o governo espanhol e a holding financeira Criteria Caixa SA, que possuem 10%. O governo e a Criteria pressionaram pela mudança, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto.
A nomeação de Murtra ocorre após grandes mudanças na estrutura acionária da Telefónica desde 2023, que começou com o anúncio da aquisição de uma participação de 9,9% da Saudi Telecom Co.. O governo espanhol reagiu comprando uma participação de 10%, por considerar a companhia um ativo estratégico. Posteriormente, a Criteria Caixa, uma holding industrial espanhola, quase duplicou a sua participação para 10%.
Murtra tornou-se presidente da Indra em 2021, depois de ter sido escolhido a dedo pelo governo espanhol, que possui cerca de 28% da empresa de defesa e TI com sede em Madrid. Murtra, que atuou em um governo socialista anterior, também faz parte do conselho da Fundação Caixa, proprietária da Criteria e titular máximo do CaixaBank SA.
Pallete ingressou na Telefônica em 1999. Trabalhou no departamento financeiro e depois dirigiu o Latino Negócios americanos. Foi nomeado presidente em 2016, após a renúncia de seu mentor César Alierta.
Pallete liderou mudanças profundas na operadora, incluindo a redução da dívida em quase metade, a reorganização dos principais mercados e o lançamento de divisões de tecnologia e infraestrutura. Durante seu mandato, a Telefônica também fechou negócios importantes, incluindo a joint venture VMO2 com a Liberty Global Ltd no Reino Unido, a aquisição do negócio móvel da Oi SA junto com a Tim Participações SA America Movil SAB de CV no Brasil, e a venda de sua empresa latino-americana.
Ainda assim, o desempenho da Telefónica ao longo dos anos refletiu as baixas perspectivas de crescimento da indústria – um problema agravado pela sua exposição às oscilações cambiais na América Latina. As ações perderam mais da metade de seu valor desde que Pallete iniciou seu mandato.