Após uma queda de cerca de 40% nas doações recebidas no primeiro semestre deste ano, a SP Invisível, ONG de conscientização social que busca transformar as histórias das pessoas em situação de rua em São Paulo, lança, na terça-feira (23), a campanha Olimpíadas Invisíveis, que faz referência aos Jogos Olímpicos de Paris.
Uma das histórias é a do Cícero, que mora na rua com sua esposa e filho. Para sustentar a família, ele trabalha com reciclagem e anda cerca de 20 km por dia, quase a distância de uma prova de corrida de meia-maratona, carregando cerca de 900 kg de materiais para vender.
Segundo o CEO e fundador da SP Invisível, André Soler, a ideia é buscar novas formas de contar as histórias das pessoas em situação de rua para chamar a atenção para essa população e a necessidade de donativos.
“No pós-pandemia, a onda de solidariedade caiu bastante, enquanto percebemos que o número de pessoas morando na rua só aumenta. Sentimos uma queda nas doações de cerca de 40%. Além disso, o inverno um pouco menos intenso em São Paulo também impacta nas doações. Mas para as pessoas que moram na rua, o frio é sentido da mesma forma, principalmente à noite”, disse Soler.
A tragédia das chuvas no Rio Grande do Sul, de acordo com o fundador, foi outro efeito na redução de doações para a ONG. Para se ter ideia, nos seis primeiros meses do ano, a ONG arrecadou R$ 1 milhão. No ano passado, foram mais de R$ 4 milhões arrecadados no ano.
Ao todo, voluntários da SP Invisível distribuem, por semana, 750 refeições para a população de rua, 250 kits de higiene e agasalho e realizam 30 atendimentos com médicos, psicólogos e assistentes sociais em São Paulo.
Outro projeto da ONG é a Jornada de Emancipação, que tem o objetivo de abrir caminho para a autonomia financeira e o resgate da autoestima das pessoas que não possuem um lugar físico para morar por, meio da capacitação profissional e inserção no mercado de trabalho.
“Além das ações rotineiras que fazemos com o banco de alimentos, que consiste na entrega de refeições em todas as semanas do ano e as campanhas como o Inverno e o Natal Invisível, por meio das quais arrecadamos e distribuímos mantimentos e agasalhos, sentimos a necessidade de oferecer um cuidado individualizado para as pessoas que atendemos”, explicou Soler, CEO da SP Invisível.
As doações em dinheiro são recebidas por meio do site spinvisivel.org ou pelo pix doe@spinvisivel.org. Não há valor mínimo para doação. Fundada por Soler e pelo jornalista Vinícius Lima em 2014, a SP Invisível tem como patriarca o padre Júlio Lancellotti.
