Em busca dos eleitores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o prefeito de São Paulo e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB) quer evitar a nacionalização da disputa na capital paulista e pretende deixar o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em segundo plano. Em outra frente, Nunes adotou em seu discurso propostas voltadas ao empreendedorismo, para tentar atrair apoiadores do candidato derrotado Pablo Marçal (PRTB) no segundo turno.
Nas urnas, Nunes foi vitorioso em bairros periféricos, que deram vitória a Lula em 2022. O prefeito tenta aumentar seus votos entre os eleitores mais pobres e moradores da periferia e tem evitado associar-se a Bolsonaro, apesar de o ex-presidente ter indicado seu vice na chapa, Mello Araújo (PL).
“Eu acho que vocês estão falando muito de Bolsonaro, de Lula, que isso aí na verdade é secundário. O primário que a gente tem que ter como mais importante é a discussão da cidade. Eu não aguento mais responder sobre esse assunto para falar muito sinceramente”, disse Nunes a jornalistas, ao ser questionado sobre a ausência e a falta de apoio explícito de Bolsonaro no primeiro turno.
Em recado aos eleitores de Marçal, Nunes disse que é conservador, defende valores da direita e incorporou propostas sobre empreendedorismo. Afirmou que vai “corrigir e ampliar” as ações de seu governo nessa área.
“Aquele que se identificou com o Pablo Marçal porque viu nele uma pessoa que falava da questão do empreendedorismo, eu estou assumindo que preciso fazer mais e vou fazer”, disse. “Se for a questão ideológica, de direita, aí vem com a gente, porque eu defendo tudo aquilo, os mesmos princípios de pátria, a defesa da família, contra o aborto, contra a liberação de drogas, foi o que eu defendi a minha vida inteira”, afirmou a jornalistas, depois de uma agenda de rua no bairro do Jabaquara.
No segundo turno, Nunes articula os vereadores eleitos pelos 12 partidos de sua coligação para ampliar a capilaridade de sua campanha na capital. Os partidos coligados elegeram 36 dos 55 vereadores e ontem Nunes recebeu apoio da vereadora eleita pelo Novo, Cris Monteiro, chegando a 37 parlamentares da nova legislatura – a candidata derrotada do Novo à Prefeitura, Marina Helena, também declarou apoio ao atual prefeito.
Já a coligação de Boulos elegeu 16 vereadores. O PSB elegeu dois vereadores e estará com Boulos no segundo turno, garantindo o respaldo de 18 parlamentares (32,7% do total).
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Nesta terça-feira, Nunes fará um evento com os vereadores eleitos de sua base de apoio. O prefeito explorou o fato de ter mais aliados na futura legislatura do que Boulos. Entre as orientações repassadas pela campanha estão o reforço da estratégia digital, com o compartilhamento de propaganda nas redes sociais.
“Esse é um tema para discutir. Ninguém governa com 14 vereadores. Você não consegue aprovar nada”, disse, em referência aos 14 eleitos pelo PT (8) e Psol (6). “Você tem que ter no mínimo 28 votos para uma votação de maioria simples e 37 votos quando você precisa de uma votação mais complexa. Então, com 37 vereadores, eu consigo votar tudo o que eu precisar. O outro com 14 não vai votar nada.”
Nunes voltou a reclamar do número de debates previstos pela imprensa no segundo turno, que já chegam a 12. “Olha, a gente precisa ter, evidentemente, tudo o que a gente faz, uma questão de razoabilidade. Como é que você vai ter em 15 dias, 12 debates? É humanamente impossível e não é produtivo. Vai ajudar o quê?”, disse o prefeito. “Acho que dois debates bem organizados, ou três debates bem organizados, que a gente possa efetivamente discutir propostas, sim.”