A Iguá, que venceu o leilão de saneamento de Sergipe, nesta quarta-feira (4), com uma oferta de R$ 4,5 bilhões de outorga, planeja financiar seus compromissos por meio de um aumento de capital, com aporte dos atuais sócios, e um financiamento com bancos, já pré-amarrado, segundo o presidente da empresa, Roberto Barbuti.
“Haverá um componente de aporte de capital dos acionistas que já está aprovado e financiamento. Já temos bancos que nos deram garantia firme para essa oferta. A estrutura está pronta naquilo que é possível”, disse ele a jornalistas, após o leilão, realizado na sede da B3, em São Paulo.
Hoje, a Iguá tem 16 operações no país, em seis Estados, e atende a cerca de 3 milhões de pessoas. A principal operação da empresa é um dos blocos do Rio de Janeiro, conquistado em 2021.
Os principais acionistas da companhia são os fundos canadenses CPP (Canada Pension Plan) e AIMCo (Alberta Investment Management Corporation), que juntos detêm cerca de 90% do negócio. O BNDESPar tem os outros 10,8%.
A empresa encerrou o segundo trimestre deste ano com uma alavancagem financeira (medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda) de 7,2 vezes, uma redução em relação ao indicador de 8,3 vezes registrado no ano anterior, mas um patamar ainda elevado. Excluindo a operação do Rio de Janeiro, a maior da Iguá, a alavancagem fica em 3,7 vezes.
Sobre oferta inicial pública de ações (IPO)
Questionado sobre a possibilidade de uma oferta inicial pública de ações (IPO, na sigla em inglês), o executivo reafirmou que a abertura de capital está no plano da Iguá, mas que depende de melhores condições de mercado no Brasil. “Temos que estar preparados. Temos isso na nossa estratégia e temos o compromisso com o BNDES e com a B3, mas não vou me comprometer com prazo porque isso depende de mercado.”
Em relação aos próximos leilões do setor, Barbuti também destacou que a empresa pretende seguir em expansão. “A gente é ambicioso, tem uma meta de crescimento, o mercado tem projetos relevantes, a gente vai estudar e participar na medida em que se alinhe com a nossa estratégia. Claro que, quando se dá um passo relevante, tem que se analisar com cuidado o próximo passo, para caminhar dentro de conforto. Mas a nossa estratégia é de crescimento”, afirmou.
Iguá irá assinar contrato com Sergipe nos próximos 60 dias
Os próximos passos após a concessão, segundo o governador de Sergipe, Fábio Mitidieri (PSD), será explicar para a população como será feita a transição. A empresa irá assinar o contrato nos próximos 60 dias e haverá uma gestão assistida e compartilhada, entre o Estado e a Iguá.
“Durante seis meses, haverá uma transição, onde a empresa acompanha o dia a dia da Companhia de Saneamento de Sergipe (DESO), e, após esse período, ela assume efetivamente a fase de distribuição da água e do esgotamento sanitário. Estava apostando que superaria os R$ 4 bilhões, mas foi ainda além. Acredito que isso demonstra a credibilidade e que o mercado está confiante”, diz.
Além do pagamento da outorga, a Iguá terá que fazer R$ 6,3 bilhões de investimentos, para universalização dos serviços até 2033. Nos primeiros dez anos, deverão ser aplicados cerca de R$ 4,7 bilhões. A concessão tem duração de 35 anos.
“Os recursos arrecadados já foram divididos de acordo com a lei, sendo 45% para o Estado, 45% aos municípios e 10% para a própria companhia. Os recursos devem ser obrigatoriamente utilizados em obras e infraestrutura com viés ambiental”, diz o governador.
