Ele [Alexandre de Moraes] já era relator destes processos desde o começo e, talvez, por conta disso, ele estaria sendo atingido. Por isso ele começou a ser xingado. Xingado, inclusive, como você ai de se lembrar, naquelas manifestações do 7 de setembro pelo [então] presidente da República [Jair Bolsonaro]. Veja, se ele foi xingado pelo presidente da República, ele está impedido de julgar o presidente da República? O próprio interessado causou esse impedimento. Gilmar Mendes, em entrevista à CNN Brasil
“É uma técnica que é muito utilizada. Um parlamentar que sai e xinga um ministro, sem que o ministro tenha feito nada. Veja, seria muito fácil causar o impedimento de todos os ministros do Supremo. De alguma forma, falava-se em fechar o Supremo. Então, o Supremo pode julgar esse caso? Veja que a resposta vai no sentido negativo extremo. Não faz sentido algum. Não há nenhum ato do ministro Alexandre que justifique que esse impedimento ou a quebra da imparcialidade. Pelo contrário, decidiram atacá-lo porque ele estava cumprindo o dever institucional de defesa das instituições. Então não há justificativa para isso”, acrescentou.
Recentemente, o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, negou pedido da defesa de Bolsonaro para considerar o ministro Alexandre de Moraes impedido nas investigações sobre suposto golpe de Estado.
Barroso classificou as alegações da defesa do ex-presidente como “genéricas e subjetivas, destituídas de embasamento jurídico”.
O presidente do STF ressaltou ainda que a arguição de impedimento “deve demonstrar, de forma clara, objetiva e específica, o interesse direto no feito por parte do Ministro alegadamente impedido”.
Na ocasião, a defesa de Bolsonaro alegou que Moraes seria uma das vítimas do suposto plano, portanto, não poderia ser relator do caso: “Uma narrativa que coloca o ministro relator no papel de vítima central das supostas ações que estariam sendo objeto da investigação, destacando diversos planos de ação que visavam diretamente sua pessoa”.