Câncer de pênis causou mais de 22 mil internações na última década e quase 600 amputações por ano

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por Jornal Net Redação
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Nos últimos dez anos, o Brasil registrou mais de 22,2 mil internações relacionadas ao câncer de pênis. No mesmo período, a doença foi responsável por causar, em média, 585 amputações de pênis por ano – um total de 5,8 mil cirurgias. Além disso, o quadro somou mais de 4,5 mil mortes em uma década. Os dados foram obtidos pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) com base em informações do Ministério da Saúde.

O tumor representa 2% de todos os tipos de câncer que atingem os homens brasileiros. De acordo com o médico Maurício Cordeiro, coordenador do Departamento de Uro-Oncologia da SBU, o Brasil está entre os países com maior incidência desse tipo de neoplasia no mundo.

”Na população mundial, o câncer de pênis é uma doença considerada rara, mas, infelizmente, no nosso país ela é relativamente prevalente. Embora o número de 20 mil homens internados pareça baixo em relação ao total da população, é muito expressivo, especialmente se considerarmos que deveria ser algo incomum”, afirma.

Segundo o especialista, a doença está associada à má higiene íntima, à infecção pelo papilomavírus humano (HPV) e aos riscos associados à fimose não corrigida. Este último é um quadro caracterizado pela impossibilidade de retrair a pele (prepúcio) que recobre a cabeça do pênis (glande).

Câncer de pênis provoca feridas e pode evoluir para metástase em outros órgãos. Prevenção é considerada simples e requer medidas como boa higienização e vacinação contra o HPV. Foto: Chiraphong/Adobe Stock

Fatores de risco

A fimose é um fator de risco porque dificulta a higienização adequada do órgão e pode causar complicações, como a parafimose, quando o prepúcio não consegue retornar à sua posição normal. De acordo com a SBU, entre 2015 a 2024 foram registrados mais de 534,1 mil atendimentos referentes à hipertrofia do prepúcio (excesso de pele na região), fimose e parafimose.

Os números englobam uma variedade ampla de casos, desde crianças que receberam diagnóstico e tratamento precoce a adultos que precisaram de atendimento de emergência. Além disso, os dados chamam atenção para os riscos associados e a importância da cirurgia de postectomia (circuncisão), feita para a exposição da glande.

“Quando um paciente adulto tem dificuldade para puxar o prepúcio, expor a glande e, assim, lavá-la diariamente, acaba acumulando muita secreção na região”, descreve o médico. Essa secreção constante provoca uma inflamação crônica, o que eleva o risco de desenvolvimento do câncer.

No entanto, parte considerável dos casos está ligada ao HPV, um vírus sexualmente transmissível, que afeta cerca de 9 milhões de pessoas no Brasil. Estudos recentes estimam que o vírus está envolvido em cerca de 30% dos casos de câncer peniano. Isso acontece porque, após o contágio, se o sistema imunológico não conseguir combater o micro-organismo, ocorre o desenvolvimento de células anormais capazes de levar ao câncer.

Por esse motivo, a vacinação contra o HPV – oferecida no Sistema Único de Saúde (SUS) para a população de 9 a 14 anos e imunossuprimidos até os 45 anos – é essencial na prevenção da doença, assim como o uso de preservativos e a cirurgia para retirada do prepúcio em casos de fimose.

Por que a amputação é feita?

A doença é descrita como uma ferida no pênis que não cicatriza. Se for descoberta no estágio inicial, é facilmente tratável. Nesses casos, o tumor está restrito à parte superior da pele e não atinge estruturas mais profundas. Por isso, é possível remover apenas a área afetada.

Em situações extremas, a amputação se faz necessária. Quando o câncer se infiltra em estruturas mais profundas, é preciso fazer a remoção parcial ou total do órgão.

“Nesses casos, a uretra é colocada no períneo, e o paciente tem que começar a urinar sentado, o que pode ser um desafio”, informa Cordeiro. Por isso, além de o procedimento alterar a parte física, ele é bastante prejudicial em termos psicológicos, já que abala a autoestima do indivíduo.

A quimioterapia ou radioterapia também podem entrar em cena. “É um câncer agressivo. Pode se disseminar para a região pélvica, bexiga, púbis, entre outras, causando até mesmo metástase pulmonar e óssea”, alerta o médico.

Quais os sintomas de câncer de pênis?

Como mostrado pelo Estadão, é importante procurar um especialista ao identificar o aparecimento de sintomas. O médico reforça que, quanto antes a doença for detectada, maiores as chances de cura e preservação do pênis.

Confira os principais sintomas:

  • Ferida que não cicatriza;
  • Secreção com forte odor;
  • Espessamento ou mudança de cor na pele da glande (cabeça do pênis);
  • Presença de nódulos na virilha.

Prevenção

A SBU e o Ministério da Saúde são responsáveis por uma nota técnica que reforça orientações para a prevenção e o cuidado integral relacionados ao câncer de pênis no Brasil. As entidades recomendam as seguintes medidas:

  • Higiene do pênis: A prática de limpeza deve ser realizada diariamente com água e sabão neutro, puxando o prepúcio totalmente para trás. A prática deve ser realizada também após relações sexuais.
  • Autoexame: Ao notar qualquer alteração no pênis, como feridas, inchaços, ou mudanças na cor e textura da pele, é recomendado buscar atendimento.
  • Práticas sexuais seguras: É recomendado o uso de preservativos na relação sexual, além da vacinação contra o vírus HPV (o papilomavírus humano), disponível no SUS para a população de 9 a 14 anos e imunossuprimidos até os 45 anos.
  • Circuncisão/Postectomia: Incentiva-se a retirada do prepúcio quando a pele que encobre a glande impede a higienização de forma correta, seja por ser muito longa (prepúcio redundante) ou por estar estreitada (fimose).
  • Cuidados com a saúde: Ter uma rotina saudável, com dieta equilibrada e prática regular de exercícios físicos, por exemplo, também se enquadra como forma de prevenção.
  • Garantia de acesso: Garantir os direitos dos adolescentes (10 a 19 anos) quanto à possibilidade de atendimento desacompanhado, como estímulo positivo à autonomia e cidadania. Caso a sugestão não seja acolhida, o adolescente deve ser estimulado a participar ativamente, enquanto protagonista de seu próprio cuidado.

Dia Mundial do Câncer

O dia 4 de fevereiro é instituído como Dia Mundial do Câncer. Neste mês de mobilização, a SBU está realizando a Campanha de Prevenção ao Câncer de Pênis para conscientizar sobre a prevenção e tratamento precoce desse tumor.

No dia 14 de fevereiro, a SBU irá realizar um mutirão de postectomias (cirurgia para correção da fimose) em vários Estados. Mais informações podem ser encontradas nas mídias sociais da sociedade.

Além disso, ao longo de todo o mês, médicos da associação vão esclarecer dúvidas sobre a doença nas redes sociais da entidade no Instagram, Tiktok e Facebook.



Fonte: Externa

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