Biólogo tatua o Aedes aegypti na pele e diz que o mosquito é ‘parceiro’ de trabalho em quase 30 anos estudos: ‘eu vivo disso’

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por Jornal Net Redação
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Um biólogo resolveu tatuar na pele um mosquito Aedes aegypti, o mesmo que transmite a dengue e outras tantas doenças. Ao contrário do medo que o inseto representa a tantas pessoas, que foram infectadas ou perderam entes queridos, Fábio Lopes, de 58 anos, enxerga no vetor um ‘parceiro’ de trabalho, que é estudado por ele há quase 30 anos.

Ele começou a trajetória no Núcleo de Controle de Zoonoses em São Vicente, no litoral de São Paulo, quando foi aprovado em concurso para agente de controle de vetores. A experiência profissional, segundo Fábio, o ensinou a lidar com roedores urbanos, serpentes, morcegos e até mesmo pombos. “Aqueles que têm convívio indesejável com o homem”.

O interesse em aprofundar os conhecimentos sobre o que aprendia no trabalho o levou a cursar Biologia. Essa foi a porta de entrada para ingressar na área da saúde coletiva.

A relação com o mosquito, por sua vez, começou em 1996 devido a reinfestação do Aedes aegypti no Brasil e a primeira epidemia de dengue em Santos e São Vicente. “Fui nomeado como chefe desse controle de campo e aí a minha vida começou com esse mosquito”.

Na época, de acordo com Fábio, o mosquito se reproduzia em 12 tipos de criadouros, enquanto hoje são 40 os locais.

O biólogo contou que o médico e cientista Oswaldo Cruz foi responsável por erradicar a espécie de mosquito do país no início do século XX, quando o vetor transmitia a febre amarela, mas que o Aedes aegypti voltou em 1985, passando a transmitir a dengue.

Naquela época, ele sequer pensava em estudar o inseto, pois atuava como sargento do Exército. Revisitando o passado e com base no conhecimento adquirido, Fábio entende que não existem armas capazes, no momento, de acabar com o mosquito.

“Hoje é impossível a gente retirar o mosquito aqui do território nacional. Não tem mais como erradicar o Aedes aegypti do Brasil. Ele veio para ficar e pode transmitir 23 doenças diferentes no mundo”, disse.

Apesar do país enfrentar um momento difícil com a dengue, a situação na Baixada Santista, segundo ele, está melhor em relação ao cenário nacional.

Fábio destacou que a região enfrenta a doença há anos, e a população já teve contato com os sorotipos da doença — são quatro tipos de vírus e, a cada infecção, a pessoa se torna imune àquela cepa . No entanto, isso não quer dizer que não há risco.

Fábio contou ter feito a tatuagem há quatro anos porque o mosquito se faz bastante presente no dia dele, que estuda o ciclo de vida do vetor.

A tatuagem no antebraço de Fábio desperta a atenção das pessoas. “Nunca vi ninguém que tenha, mas é realmente uma homenagem. Minha vida profissional, 70% a 80% dela, se deve ao Aedes aegypti. Eu vivo disso“.

A dengue faz parte de um grupo de doenças denominadas arboviroses. O vírus é transmitido pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti e possui quatro sorotipos diferentes: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4 — todos podem causar as diferentes formas da doença.

Todas as faixas etárias são igualmente suscetíveis à doença, porém as pessoas mais velhas e aquelas que possuem doenças crônicas, como diabetes e hipertensão arterial, têm maior risco de evoluir para casos graves e outras complicações que podem levar à morte.

Uma pessoa pode ter dengue até quatro vezes ao longo de sua vida. Isso ocorre porque ela pode ser infectada com aos quatro diferentes sorotipos do vírus. Uma vez exposta a um determinado sorotipo, após a remissão da doença, ela passa a ter imunidade para aquele sorotipo específico.

Fonte: Externa

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