Argentinos da classe média fazem de tudo para driblar a alta “inflação das ruas” | Mundo

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Assim como em vários países do mundo, a “inflação de instituto” na Argentina é uma e quando o consumidor vai às compras essenciais, por exemplo, de legumes, verduras, macarrão, carne e produtos de limpeza, entre outros, é bem diferente.

Para evitar um estrago maior no bolso, com a alta de preços, o argentino tem se especializado em técnicas para driblar, como pode, a “inflação das ruas”. A estilista Camila Eugenia Puebla procura pagar suas compras essenciais com cartão de crédito, porque assim, quando a fatura chega, no mês seguinte, o valor pago nos produtos não castiga tanto a sua carteira.

Ela confessa que é quase um subterfúgio já que seu salário aumenta, mas não na mesma velocidade e nem com a mesma robustez da inflação.

Apesar dessa disparidade entre seu salário e a inflação real, Camila, que não tem filhos para sustentar, diz que se “encontra numa situação confortável, se comparado com pessoas mais vulneráveis”. “Essas sofrem bem mais com a alta dos preços.”

No entanto, mesmo chegando ao fim do mês conseguindo pagar suas contas, a estilista, que nasceu no interior, pensa em deixar a capital federal, diante também da forte alta dos preços dos aluguéis depois que Milei revogou, por decreto, a antiga lei que regulava o tema. “Penso em, de repente, morar mais distante do centro de Buenos Aires.” Entre as opções para viver com mais tranquilidade, sem grandes arroubos na conta bancária, Camila pensa em procurar um imóvel na província de Buenos Aires, onde, ao menos o aluguel, é mais barato.

A estilista Camila Eugenia Puebla, que mora em Buenos Aires, compra comida e outros produtos essenciais nos supermercados e mercearias da capital federal argentina com cartão de crédito para driblar a inflação galopante — Foto: Márcia Almeida/Valor

Já Rodrigo Castaño, que trabalha com marketing em um grande banco estrangeiro, fica de olho nas ofertas, para escantear a inflação. “O que também tenho feito é substituir as marcas premium por outras mais acessíveis”, revela Castaño, eleitor de Milei e que segue apoiando o presidente.

“Milei governa há menos de seis meses, por isso é difícil avaliar seu desempenho neste momento. Embora algumas medidas que ele tomou fossem necessárias, outras foram muito abruptas. Por exemplo, o aumento dos transportes urbanos era mesmo necessário, já que o valor da passagem estava muito baixo, mas a medida também deveria ser acompanhada de um aumento dos salários de modo a acompanhar essa alta.”

De dezembro, mês que o atual presidente argentino assumiu o cargo, até fevereiro o salário mínimo subiu 15,4%, e a inflação, 36,6% — em março, o salário mínimo subiu mais 12,7%.

Para Castaño, se fossem realizadas novas eleições, hoje, e os candidatos fossem os mesmos do pleito do ano passado, votaria novamente em Milei. “Na verdade, não sei se Milei é a melhor opção, o que sei é que a Argentina precisava de uma mudança.”

Já a dona de casa Raquel, também apoiadora ferrenha de Milei até fevereiro, já não faz mais parte do grupo que continua a aplaudir suas medidas e resoluções.

Seção de peixes de hipermercado de Buenos Aires, com preços em oferta para atrair os consumidores diante da alta inflação — Foto: Márcia Almeida/Valor
Seção de peixes de hipermercado de Buenos Aires, com preços em oferta para atrair os consumidores diante da alta inflação — Foto: Márcia Almeida/Valor

Fonte: Externa

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