Após áudios de Mauro Cid, bolsonaristas atacam PF e opositores defendem investigação | Política

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A revelação de áudios do tenente-coronel Mauro Cid, que voltou a ser preso nesta sexta-feira (22), motivou reações sobre as investigações que atingem Jair Bolsonaro (PL). Aliados do ex-presidente dizem que o teor da fala enfraquece as acusações. Os opositores rebatem e defendem a Polícia Federal (PF).

Nas mensagens, reveladas pela revista “Veja”, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro reclama do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e da conduta da PF, responsável pelo acordo de delação premiada fechado por ele. A um interlocutor ainda desconhecido, Mauro Cid afirma que os agentes da PF já tinham uma “narrativa pronta” e sugere que era forçado a confirmar a versão dos investigadores.

O teor das mensagens foi revelado na noite de quinta-feira (21) pela revista. Nesta sexta-feira, o tenente coronel, que estava em liberdade provisória, foi convocado a depor. No início da tarde ele foi informado que voltaria à prisão por descumprir medidas cautelares e por obstrução de Justiça.

Ainda na quinta-feira, o senador Rogério Marinho (PL-RN) afirmou em suas redes: “A colaboração está comprometida, e a narrativa desmoralizada”. O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) questionou se a prisão de Cid é uma “confirmação da veracidade do conteúdo do áudio”.

O senador Eduardo Girão (Novo-CE) disse que o relato é grave e imputa uma série de crimes à PF, como constrangimento ilegal e abuso de autoridade. O parlamentar defendeu a instalação de uma CPI para apurar o caso.

Senador Rogério Marinho (PL-RN) — Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado

Mauro Cid foi preso pela primeira vez em maio do ano passado e quatro meses depois assinou seu acordo de delação. Ele é parte relevante das diversas investigações em curso, como o planejamento de uma tentativa de golpe, o esquema de falsificação de cartões de vacina e o caso das joias sauditas.

O ex-presidente e seus filhos não se manifestaram até o momento. Um dos advogados de Bolsonaro, Fábio Wajngarten disse ter sido surpreendido e que a defesa tomaria providências sobre o teor do diálogo, considerado “gravíssimo” por Wajngarten.

Para opositores de Bolsonaro, no entanto, a fala de Mauro Cid não inviabiliza os inquéritos porque estão amparados em outras provas e depoimentos. Integrantes da base aliada do governo Lula veem no vazamento uma tentativa de proteger Bolsonaro.

A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), e o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) afirmaram que o vazamento da gravação não apaga provas nem anula os crimes atribuídos a Bolsonaro.

Gleisi ainda defendeu o trabalho da PF que, segundo ela, atua “dentro do devido processo legal”. “É por isso que os bolsonaristas atacam a instituição e tentam, de toda forma, desqualificar os depoimentos que expõem suas tramas golpistas”, escreveu em seus perfis.

O deputado Ivan Valente (Psol-SP) afirmou que o vazamento do áudio é uma “armação bolsonarista”. “As provas são robustas e não tem fake news que proteja o genocida, ladrão e corrupto chefe do golpe”, disse.

A defesa de Mauro Cid afirmou que os áudios divulgados são apenas um “desabafo” em razão do momento difícil pelo qual passa o militar. Na nota divulgada, a defesa afirmou também que em nenhum momento o tenente-coronel questionou a independência e a honestidade da PF.

Deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR) — Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados
Deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR) — Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

Fonte: Externa

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