Apoiadores de Nicolás Maduro e opositores do governo convocaram manifestações em Caracas e em outras cidades da Venezuela para este sábado (17), em meio à tensão sobre o futuro político do país.
A oposição liderada por María Corina Machado, impedida pela Justiça eleitoral cooptada pelo chavismos de concorrer no pleito, denuncia fraude nos resultados das eleições do dia 28 de julho, publicando em um site as cópias de mais de 80% das atas de votação que indicam a vitória de González.
Segundo Maduro e o CNE, as atas divulgadas foram falsificadas pela oposição. O órgão eleitoral ainda não publicou a contagem detalhada mesa por mesa e afirma que o sistema de votação automatizado foi alvo de um “ataque ciberterrorista”.
Pela rede social X, Corina projetou um “dia histórico” com manifestações em mais de 300 cidades em um “grande protesto mundial pela verdade”.
“Temos que nos manter firmes e unidos”, disse em publicação no X antes da concentração. “Tentam nos assustar, nos dividir, nos paralisar, nos desmoralizar, mas não conseguem porque estão absolutamente entrincheirados em sua mentira, em sua violência, em sua deslegitimidade.”
Não está claro se Corina ou González estarão nas manifestações deste sábado em Caracas. Os dois são investigados pelas autoridades venezuelanas por “incitação à rebelião” e outras acusações, pouco depois de Maduro responsabilizá-los por atos de violência e pedir que fossem presos. Maduro também diz que os dois estão por trás de uma tentativa de golpe de Estado.
Desde então, ambos estão na clandestinidade. González não aparece em público desde 30 de julho, e a última participação de Corina em um ato público foi nas manifestações logo após as eleições, no dia 3 de agosto.
De acordo com a imprensa local, os protestos nas últimas três semanas resultaram em 25 mortes e mais de 2.400 detidos, classificados por Maduro de terroristas que querem desestabilizar o regime.
A convocação da oposição se espalhou pelo mundo, com protestos ocorrendo em países da Europa, Ásia e Oceania, e outros marcados para esta tarde na América do Sul. Quase 8 milhões de venezuelanos moram fora do país.
Já os apoiadores de Maduro devem se mobilizar em Caracas para apoiar o presidente, que pediu ao Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), órgão acusado de favorecer o governo em suas decisões, a certificação de sua vitória.
“No sábado, vamos às ruas em toda a Venezuela, vamos para a rua continuar celebrando a vitória da revolução bolivariana”, disse nesta semana o poderoso dirigente chavista Diosdado Cabello.
Desde o anúncio do resultado eleitoral, militantes chavistas se manifestaram quase diariamente nas proximidades do palácio presidencial de Miraflores em apoio a Maduro.
Os Estados Unidos, a União Europeia (UE) e países da América Latina não reconhecem a vitória de Maduro no pleito. Na América do Sul, Brasil e Colômbia lideram os esforços para encontrar uma solução política para a crise. Uma proposta de novas eleições foi descartada tanto pelo chavismo quanto pela oposição.
Na sexta-feira (16), durante agenda em Porto Alegre, o presidente Lula (PT) subiu o tom contra Maduro. Segundo Lula, a Venezuela não é uma ditadura, mas Maduro conduz um “governo com viés autoritário”.